15 dezembro 2013

Estrada da vida...

Finalmente, tenho acesso a uma nova credencial para continuação dos tratamentos de fisioterapia através da segurança social. Já não era sem tempo, pois estou à espera desde Julho. Para ter acesso a estes tratamentos, necessito de uma credencial médica que é válida durante 120 dias, no final desse período, paro a fisioterapia até conseguir obter uma nova credencial.

Existem assim burocracias que impedem a realização dos tratamentos, de forma contínua. Uma alternativa a esta situação é obter um relatório definitivo de um neurologista, sobre a minha situação atual, que me vai permitir ter acesso à fisioterapia por tempo ilimitado, até nova avaliação médica.

Sou seguida há vários anos por um neurologista, no Hospital de Santa Maria, mas só tenho consulta marcada em Junho de 2014, portanto tenho que recorrer a outra opção, que é deslocar-me ao hospital da minha área de residência, portanto o Hospital Amadora-Sintra, onde não queria regressar pois foi lá que me aconteceu este acidente, trazendo-me más recordações. Isto significa também, que o relatório vai ser prescrito por um médico que nunca me observou, nem conhece o meu historial, além disso, apesar do pedido para esta consulta já ter sido efetuado pelo médico de família há cerca de 3 meses, ainda não tenho uma data marcada, pois continuo a aguardar por um contacto do hospital referido. Até lá continuo a ter a fisioterapia com interrupções de 120 em 120 dias.

Acho uma falta de coordenação do Sistema Nacional de Saúde, o facto de estar tanto tempo à espera de uma consulta de neurologia, tem um impacto muito negativo, ao nível psicológico e físico, atrasando assim os meus progressos conseguidos até à data, uma vez que tenho que parar as sessões de fisioterapia por ter que aguardar que seja escrito uma nova credencial.

Acho por bem haver regras padrão para ter acesso às credencias, a tempo de evitar interrupções, aliás nem deveria ser de outro modo, mas caramba organizem-se porque os utentes não têm que pagar pelo pouca falta de empenho e pouco profissionalismo.

08 dezembro 2013

A magia da água...

O nosso planeta oferece um dos seus tesouros mais preciosos e essenciais para a existência da vida terrena, a água, que é essencial para todos seres vivos que habitam na Terra.

Ao observar uma fonte nascente de água pura a jorrar água de uma rocha, parei para ver melhor a sua magia, o seu encanto e o seu poder calmante e curativo, respirei fundo e consegui sentir a minha alma no seu estado mais puro. Foi como regressar à infância, deparar-me novamente com a pureza das crianças, a sua inocência e a pureza dos seus pensamentos. Consegui renovar o meu espirito e carregar as armas para esta minha caminhada e seguir na estrada, com curvas, paragens e caminhos a descer e a subir que a vida me ofertou.

Esta fonte de água que nasce da terra penetra no solo dando origem ao verde abundante das florestas, aos rios, lagoas, onde habitam uma inumerável quantidade de espécies vegetais e animais.

As terras que têm a sorte e o privilégio de ocuparem e serem banhadas por caminhos de água são prósperas e rodeadas de vida. 
Talvez seja ousadia minha comparar os percursos dos vários estádios dos rios com os percursos da vida. As lagoas são as águas mais tranquilas, as quedas de água significam que o rio não estanca apesar de ter sido interrompido e a vida continua, também as águas podem tomar outras rotas e tomar o percurso dos seus afluentes até chegar ao seu destino, no tempo certo, às vezes mais lentamente e outras vezes mais rapidamente. Os rios e os seus afluentes podem ser mais ou menos abundantes, dependendo do significado e da importância que atribuímos aos vários caminhos percorridos pela água, tal como acontece no percurso das nossas vidas.


Todas estas águas têm uma morada final que é os sete mares da terra mãe. Os sete mares têm vida, ocupam a maior superfície do planeta, essencial para a sobrevivência de todas as espécies desta nossa querida mãe terra, formando um novo ciclo de vida contínuo de equilíbrio da natureza, assim Omar recebe de braços abertos, sem questionar e com muita humildade as águas de todas nascentes e rios, acolhendo em seu regaço como uma mãe que acolhe os seus filhos e os prepara para a vida e devolve-os de novo à sua sorte, permitindo que escolham os seus caminhos, mostrando assim a sua grandeza.

08 novembro 2013

Os meus pais...

A minha mãe é um poço sem fundo de amor, um lago ao pé de uma colina repleta de flo­res de todas as cores, porque é isso que ela irradia com a sua alegria, um mar imenso, quase sempre calmo, mas também tem as suas marés e com pequenas ondinhas que apagam o meu fogo e do meu pai, o que não é nada fácil.

Agradeço do fundo do meu coração, todo o amor e dedicação por ela dado, sem nunca ser cobrado troco, a isto chama-se amor incondicional. Este amor só é possível ser dado pelos pais, mas nem todos têm a sorte de nascer numa família com estes valores, por isso acho que tenho bastante sorte, apesar das minhas limitações.

Mãe desculpa ser tão refilona e tão impulsiva, mas não o faço com intenção de magoar, às vezes não consigo calar-me e torno as coisas mais complicadas entre mim e o meu pai, porque um teimoso não teima sozinho e eu por vezes tenho a culpa por alimentar, devia calar-me e não ligar, ou mesmo desligar. Vou tentar não ligar e não levar as coisas tão a peito, para haver mais harmonia, porque sei que sofres bastante com estas nossas atitudes.

O meu pai é o pilar desta casa, é feito de pedra, mas está sempre com a ventania no seu interior, sempre com pressa, parece que o mundo vai acabar amanhã, uma ansiedade que às vezes controla e outras vezes não, porque o meu pai é mesmo assim, reage sem pensar nas suas atitudes tal como eu, reagimos a quente, depois quem sofre é a mãe que está sempre a despejar a sua calma para equilibrar esta balança.O meu pai é um amigo, sempre disponível, às vezes até demais, chega a ser um verdadeiro pai galinha, sempre a cuidar dos seus pintainhos, mesmo à distância está sempre atento às suas crias, às vezes ainda adopta algumas como sendo suas, mas é um grande pai, amigo e companheiro.



Agradeço todos os dias por estes pais que Deus me concedeu, às vezes temos as nossas guerrilhas, mas qual é família que não as tem, basta não guardar rancor e mágoa, estando sempre o amor presente, aquele amor puro e verdadeiro ficando assim o nosso coração consolado.

15 outubro 2013

Reconhecimento

Têm sido variadas as estratégias utilizadas pelos terapeutas que trabalham comigo, principalmente nestes últimos anos, mas não quero ser injusta com aqueles que trabalharam comigo anteriormente, porque todos eles tiveram um papel importante e cada um, numa determinada fase da minha longa caminhada, mas com frutos de reabilitação.

Uma entre muitas das estratégias utilizadas desde há cerca de uns 3 anos é a privação da visão com o objetivo de outros sentidos ficarem mais atentos e assim os estímulos tornam-se mais intensos. Esta é feita com auxílio de uma venda preta nos olhos, com o objetivo de desenhar um mapa mental da perceção correta do meu corpo. A sensibilidade ao toque no meu corpo não foi afetada, mas a percepção que tenho do mesmo é que nem sempre é a correta, e por vezes quando realizo esta atividade, fico bastante baralhada, tonta e com dores de cabeça, mas é normal, visto que o cérebro está a ser bombardeado com estímulos novos.

No início desta terapia com a venda nos olhos, ficava deitada no colchão e o terapeuta batia com uma bola no colchão, e eu nem percebia se a bola batia acima, abaixo, do lado direito ou esquerdo do local onde me encontrava. Quando andava de gatas se não tivesse uma parede ou algo como referência, começava a andar às voltas e nem me apercebia, mesmo com referências, era um exercício difícil para mim, mas tinha de ser feito.

Após muito trabalho e muita dedicação minha, dos meus terapeutas e quilos de paciência, atualmente já consegui melhorar bastante, pois estas atividades foram-me impostas diariamente com a venda nos olhos. A perceção do meu corpo está melhor, tornando-se assim mais fácil, rolar, gatinhar, rastejar, realizar o treino de marcha, andar ajoelhada para a esquerda e para a direita e realizar todas as atividades no colchão, atividades estas que no início eram impossíveis de executar sem a venda nos olhos, quanto mais com os olhos tapados, por este fato, fico muito satisfeita com as minhas realizações, sobretudo por ter atingido este patamar da minha longa reabilitação, contra todas as expetativas médicas, dado o meu quadro clínico inicial.


Estas conquistas todas fazem com que continue a lutar por mim e por todas as pessoas que acreditam realmente na minha recuperação física, porque eu acredito realmente que vou conseguir atingir o topo, até onde me deixarem chegar e enquanto a minha família mais próxima conseguir ajudar, porque se dependesse só da segurança social eu estava tramada. Estou muito ofendida, desiludida com o sistema nacional de saúde, não só por mim, mas também por muitas pessoas em situações semelhantes, que não tem este apoio privado que a minha família me tem dado.

26 setembro 2013

Aventura Informática

Já havia algum tempo que queria ter algum contato com aquilo que achava quase impossível para mim, devido ao meu campo de visão ser limitado, mas neste momento a minha visão esta francamente melhor, por este fato, resolvi pôr-me à prova mais uma vez, apesar de ter algumas ajudas técnicas e da Joaninha, para abraçar de peito aberto esta aventura informática.

Tem sido complicado lidar com o computador, retomar a esta atividade na minha nova realidade, tenho muito dificuldades, sobretudo por causa da visão, mas como tenho melhorado lentamente, tenho vencido muitas batalhas às quais me propus, afinal de contas, esta é só mais uma que tenho de vencer e não vale a pena fazer dramas, porque vou conseguir participar no mundo informático, era um desperdício se não ligasse às novas tecnologias.

Tenho conseguido escrever muitos textos, aos quais têm tido acesso, contudo tive muitas zangas com o computador, cheguei a estar meses sem sequer tocar-lhe, foi muito difícil para mim, mas ainda bem que não desisti, agora tornou-se menos complicado, apesar das minhas dificuldades todas.



Há cerca de um ano criei o blog, mas não tive o feedback que esperava.
Então com a ajuda da Joaninha, resolvi criar um facebook e uma página no mesmo para estar em contato com alguns amigos e também dar a conhecer parte da minha experiência forçada, que alterou o rumo do meu caminho, desta maneira também dar alguma força a quem está em situações semelhantes à minha, e dar alguma esperança para as suas vidas.


Esta aventura tem permitido reencontrar amigos, como já referi, ter notícias dos mesmos, alguns que não tinha notícias desde infância, e que deixaram de fazer parte do meu quotidiano, mas ficaram as boas memórias, bons momentos, paródias, muitas partilhas e como é bom saber como se encontram atualmente, fico feliz por este feedback. Tenho também a agradecer muito a todas as pessoas que têm seguido atentamente os meus desabafos e que me têm deixado mensagens de força e apoio, estas são muito importantes para mim.

22 setembro 2013

Desabafo 2

Pois é, mais uma vez voltei a ser um mero número para a segurança social, uma moeda de troca, pelo menos é assim que sinto, pois recusaram outra vez a credencial para as sessões de fisioterapia. Agora disseram que precisam de um relatório médico atualizado do meu neurologista, quando têm em sua posse relatórios dos fisiatras que me acompanham nestas sessões, assim como o relatório do médico de família, acho isto uma falta de um profundo respeito pelos colegas de profissão. Isto significa que vou ficar sem realizar as minhas sessões de fisioterapia, através da segurança social, que são essenciais ao meu trabalho contínuo de reabilitação, até que esta situação seja resolvida.

Eu sou seguida na consulta externa de neurologia no hospital de Santa Maria, mas só tenho consulta em Junho de 2014, será que vou ficar privada da fisioterapia até depois desta data? Será que o trabalho que estou a realizar de momento, vai ter que parar novamente até que esta burocracia seja ultrapassada?

Acho extremamente injusto para mim depois de ter trabalhado tanto, estar como estou e com uma evolução quase milagrosa comparando ao quadro clínico inicial, cortarem-me desta forma as pernas para andar, estou bastante triste e desiludida com o sistema social de saúde.

Eu sei que o estado tem investido em mim, mas isso faz parte das suas funções, dado os descontos que fiz, os descontos de longos anos de vida dos meus pais, tal como outros milhões de portugueses. Sinto-me como uma carta rasgada fora do baralho que já não pode ir a jogo porque está marcada.

10 setembro 2013

No mar...

Este ano movimentar-me na água do mar está bastante mais fácil para mim, já consigo andar durante mais tempo sem desequilibro com o balanço das ondas, consigo reagir aos desequilíbrios provocados pelo balanço do mar, mas ainda tenho uma pessoa por perto, para o caso de me atrapalhar com uma onda mais atrevida.
Consigo firmar melhor os pés na areia, sinto bastante diferença em relação ao ano passado, deve-se a melhor estabilidade no tronco e claro um melhor movimento da cintura pélvica, pernas e pés, o que me dá mais estabilidade para permanecer na água mais livremente.
Dentro da água do mar fico livre para realizar os movimentos que me apetecer, porque não se sente tanto a força gravítica, o que facilita os meus movimentos.

Em comparação ao ano anterior, consigo nadar de costas sem rodar a anca e nadar de bruços durante um curto tempo, se for mais prolongado fico aflita e engulo uns pirulitos, mas quem sabe, talvez consiga fazê-lo para o próximo ano.

De um modo geral, estou mais à vontade no mar e com mais confiança nos movimento que faço quando abraço o mar.

05 setembro 2013

Na areia...

As férias têm sido bastante agradáveis com as temperaturas muito boas, de tal modo que tenho tomado uns bons banhos no mar e a água pela sua temperatura convida banhos bastante prolongados. No ano passado a água estava gelada, mal conseguia aguentar a sua temperatura e por isso os banhos eram entrar na água, andar um bocadinho, dar umas braçadas e sair imediatamente, na maior parte das vezes que estive na minha querida praia, a Meia Praia em Lagos.

Sinto muitas diferenças no meu comportamento em relação ao ano passado, quer dentro de água, quer fora de água. É claro que é fruto de um ano de fisioterapia, hipoterapia e muita dedicação minha e de quem me acompanha diariamente e a quem agradeço, porque não e fácil para mim e para os meus pais aguentar o ritmo que é exigido no dia-a-dia.

As caminhadas pela areia estão mais rápidas e com melhor qualidade de movimento ou seja mais coordenação, mais harmonia. Ainda preciso de ajuda para caminhar na areia, mas tornou-se mais fácil e com menos apoio de quem está comigo. Também notei que já vou à procura do meu próprio equilíbrio e quanto mais me seguraram, mais perco a noção do meu corpo e por isso quanto mais ajuda a andar pior. Mas não é fácil porque quem está comigo também tem os ajustes na sua marcha e acaba sempre por interferir na minha marcha e isto só vai deixar de acontecer quando eu conseguir andar sozinha na areia seca. No entanto tenho a noção que não lido bem quando a marcha não corre como eu gostaria e quem leva com o meu mau feitio é quem está comigo, tenho de aprender a estar calada e saber ouvir, tenho de me calar mesmo para não haver guerra com o pai, porque ele não deixa de dar bitaites, tem de ser um esforço de ambas as partes.
Na areia húmida já é muito mais fácil caminhar sozinha, sobretudo quando está a maré vazia porque existe um grande areal e torna-se mais fácil.

Também na toalha da praia estou com os movimentos mais harmoniosos, agora basta uma toalha para movimentar e apanhar banhos de sol, de que gosto tanto, mas sempre protegida do sol. Estes movimentos na toalha parecem inatos e fáceis para quem não tem limitações, mas para mim resultam de anos de trabalho de fisioterapia para chegar ao resultado, mas ainda tenho um longo caminho a percorrer e eu tenho muita esperança.

01 agosto 2013

Um lugar ao sol

Como já referi neste meu desabafo, a evolução da minha reabilitação tem sido lenta, mas tem sido sempre de um modo crescente e com um balanço até bastante positivo, tendo em conta a gravidade e extensão da lesão provocada pela paragem cardiorrespiratória que sofri há uns anos. A partir daquele momento tornei-me outra mulher com metas completamente diferentes.

Resolvi não ficar agarrada ao passado a lamentar o sucedido e enfrentar o touro pelos cornos, fazer uma pega à portuguesa, mesmo correndo o risco de danos colaterais, tanto para mim, como para a família mais próxima que tem lidado comigo ao longo deste anos todos. Não o podia fazer de outra maneira, porque estou a lutar pelo lugar que deixei vago na sociedade, mesmo que haja sempre o medo e o preconceito das pessoas em lidar com aquilo que desconhecem, que é o que tem acontecido e continua a acontecer desde esta nova vida, as pessoas afastam-se e ignoram, mas compreendo porque é um modo de proteção àquilo que desconhecem. Mas tento não dar muita importância porque já sofri o bastante com este fato quase taxativo e implacável.

Por mim, pela minha família mais próxima e por alguns amigos e pessoas que lido diariamente, continuo esta luta tão difícil e desigual sempre com os meus amiguinhos lá do céu a guiarem-me todos os dias e por isso agradeço, mantendo sempre a esperança, acreditando num amanhã muito melhor para mim, e para quem está perto de mim.


04 julho 2013

Florir

Achei interessante partilhar este texto:


"Reconheça a pessoa especial, forte, talentosa, guerreira e poderosa que você se transformou

Sinta-se renovado, preparado e potencializado no dia de hoje.
Isso mesmo, sinta tudo isso e vá em frente.
Chegou a hora de encarar uma nova etapa, pois é tempo de se refazer e, se for preciso, sair das cinzas!
Você pode, você é capaz!
Você merece!
Retome todos aqueles antigos e bons sonhos e dê a si mesmo mais uma oportunidade.
Agora é a sua hora de recomeçar para fazer florir a sua vida. Viva de novo, mas de uma maneira diferente, do seu jeito!
Hoje não é nenhuma data especial e nem precisa ser para celebrar a vida.
Mas você está se encontrando um pouco mais consigo e percebe que é especial, forte, talentosa e bonita você é! Vamos! Acredite em si mesmo!
Tenha fé nessa criatura linda, competente e guerreira que você sabe que é! Um novo ânimo, Tenha mais esperança, mais alegria e mais amor!
E para conquistar isso basta um estalar de dedos. Basta querer.
É uma questão de jeito que você sabe que tem. E vontade nunca lhe faltou, certo?
Festeje, celebre e comemore por ter chegado até aqui.
Nunca mais se compare a ninguém. Não vale a pena! Você é único! Explore mais as suas possibilidades.
E transforme seus sonhos em realidade pois você merece e sabe que pode e que merece.
Lembre-se sempre que a prosperidade te espera.
O seu íntimo deve refletir isso no seu sorriso de hoje"

Sananda Luz




28 junho 2013

Fogo

O fogo, elemento da natureza responsável pela origem do nosso planeta, considerado pelos nossos antepassados como sagrado, desde que há registo da nossa existência como seres humanos.

Na mitologia o fogo é sempre aquele elemento que tem mais relatos com histórias mirabolantes com a sua magia própria e cada uma com o seu misticismo. Este sempre foi idolatrado, porque o ser humano tem necessidade de acreditar em algo que o transcenda e por isso haver tão variadas crenças. Também há quem não acredite, seja agnóstico, mas quem pensa desta forma, deve sentir muita solidão porque só pode contar consigo mesmo, deve ser muito triste.

O sol, astro rei, centro da nossa galáxia, onde dançam os planetas uma valsa harmoniosa, cada um no seu compasso, sem nunca desviar a órbita, à sua volta. É deste astro que provém o fogo que também permite termos as condições ambientais necessárias para a nossa sobrevivência.
Quando observamos a lua, a sua visualização só e possível por causa da luz emitida pelo sol. A contagem do tempo feita pelos homens, sempre baseada nas suas 4 fases, permitiu aos homens quantificar o tempo, foi grande o salto, o que permitiu ajudar na evolução e no desenvolvimento humano ao longo dos tempos. O interior do nosso querido planeta é uma combustão constante de fogo, sempre sujeita a alterações variadas. Este tanto o pode ser aniquilador como gerador de vida.

Quando uma montanha cospe fogo pode ter um efeito de destruição, mas passada a sua fúria, com a ajuda dos ventos, com ajuda da mãe natureza tudo se equilibra outra vez e parece que o fogo, abriu novos caminhos, em direções diferentes, abrindo novas estradas que foram cortadas, e como tudo na vida, se cria um novo ciclo de acontecimentos e cabe-nos escolher o nosso caminho.

Desde que o ser humano descobriu o fogo, aprendeu a utilizá-lo em proveito próprio e de imediato se apercebeu do seu poder e que podia ser a alavanca da sua evolução e luta diária. O fogo pode forjar o ferro, permitindo assim ao longo da história, com a capacidade de raciocino, curiosidade e perspicácia, ser capaz de elaborar objetos e utensílios, que permitiram a satisfação das nossas necessidades de defesa, de sobrevivência e poder, inerentes a cada ser vivo.

Quem é que nunca ficou a olhar para uma fogueira, uma lareira ou mesmo um incêndio, fica-se petrificado com o seu poder de destruição, magia própria, o que transporta a nossa mente a pensamentos contraditórios. É uma espécie de polaridade de sentimentos, que podem ser de destruição ou construção.


O fogo é a combustão da vida, é a força que nos empurra para a vida, alimenta as nossas emoções quando é necessário e também a nossa força interior pode ser feita de fogo, basta querer e acreditar, só depende da predisposição, mas é claro que o poder do fogo tem de ser temperado com o poder da água para haver equilíbrio.



Podia escrever muito mais acerca do poder do fogo, mas deixo aqui a oportunidade de fazerem a vossa opinião. 

17 maio 2013

Profissão

A minha reabilitação tem sido muito lenta, como já referi anteriormente neste desabafo que faço aqui neste espaço. Escolhi este modo de transmitir aquilo que sinto ou já senti e vou sentindo durante este processo, testando assim a minha persistência e daqueles que me rodeiam no dia-a-dia, isto não é nada fácil.


Todos os dias são dias de luta, batalhas que travo comigo mesma e não posso e nem quero desistir porque todos os ganhos que tenho, sei que vou ter melhor qualidade de vida, independência, em suma estou a trabalhar para mim mesma, porque esta agora é a minha profissão.

Na fisioterapia os ganhos são obtidos diariamente, com o objetivo de ter a noção do meu corpo, isto é, não basta senti-lo, tive de representá-lo no meu cérebro novamente como se fosse um novo mapa, através de várias estratégias arranjadas pelos queridos fisioterapeutas, mas este trabalho, ainda está a caminho de ser consolidado, ainda temos um percurso longo pela frente.

As estratégias definidas pelos terapeutas são variadas e adaptadas a cada fase de evolução, dependendo da resposta do organismo a cada estímulo e na hora certa.
Há uma primeira fase que o terapeuta coloca umas talas nas mãos, pés, braços e pernas para tentar mobilizar os membros, lembro-me muito bem desta fase porque é bastante dolorosa e chata, mas já passou há bastante tempo. Atualmente os meus braços e pernas já não têm praticamente limitações, apenas a mão direita ainda tem alguma espasticidade e em alguns movimentos finos tenho mais dificuldades.
É claro que os movimentos não se adquirem com um passe de magia e nem são espontâneos, é necessário muita, muita dedicação no trabalho, quer dos terapeutas que me acompanharam e daqueles que estão comigo neste momento. Este processo de reabilitação, tem tido evolução, lenta e certa, mas há evolução contra todas as expetativas de alguns médicos que me acompanham neste processo. Houve um médico neurologista, numa das consultas, que me questionou se queria ficar toda a minha vida encolhida e a lamentar o sucedido ou se queria lutar, porque ele acreditava em mim e só bastava eu acreditar também, logo conseguia tudo. Este médico já tinha muito calo em casos semelhantes ao meu, então disse para esquecer a matemática durante uns anos e para me concentrar na reabilitação e assim o tenho feito, porque agora recuperar é a minha nova profissão. Este médico nem sabe o quanto aquelas palavra, ditas no tempo certo, foram importantes e sábias para mim e fizeram-me acreditar.

Na minha opinião, acho que tenho encontrado as pessoas certas que me rodeiam ou rodearam, em cada etapa durante esta nova realidade com qual me confronto todos os dias, também tenho tido alguma sorte, mas até esta tem de ser procurada porque não se pode ser passiva nestas situações de limite, contudo não posso de deixar de salientar o quanto é importante o papel da família mais próxima, mais uma vez agradeço a Deus e aos meus amiguinhos lá do céu, porque eles sabem muito bem como têm-me ajudado neste percurso a superar as minhas limitações.

Esta é a nova profissão, não, eu não a escolhi, foi-me imposta pela vida e o meu papel é lutar enquanto tenho munições na arma e quando estas acabarem, luto com a espada, se me a retirarem vou recorrer à minha força interior.

Deixo aqui um pensamento: “O céu é o limite para o que queremos alcançar na vida, todos temos asas para voar, mas alguns ainda não sabem como voar.”

Tenho a noção que nem todos os casos neurológicos não evoluem favoravelmente, há muitos que regridem e há alguns que estagnam, contudo até tenho alguma sorte, porque evolui favoravelmente apesar das expetativas de alguns profissionais de saúde. Alguns deveriam ter mais cuidado com aquilo que dizem e com certos discursos, as mesmas podem influenciar as atitudes de quem passa por esta pouca sorte, quer positivamente, quer negatividade. Falo desta realidade porque tenho lidado com várias situações destas ao longo destes anos todos.

Enfim, o mais importante é acreditar que vamos alcançar o nosso objetivo, seja em que situação for, mas temos de pôr toda a nossa força e acreditar realmente e sem reservas, há que ter esperança.


02 maio 2013

Desabafo

Apesar de estar a evoluir satisfatoriamente e contra todas as expetativas médicas, o governo ou a falta de coordenação entre as entidades responsáveis pela saúde, estão-me a cortar as pernas para andar, digo isto no sentido figurado.

Houve alguém na direção geral de saúde, sem nunca me ter observado, que decidiu que já não precisava de mais sessões de fisioterapia através da segurança social. Das duas uma, ou acham que já não tenho reabilitação e arrumam-me a um canto e já gasto o orçamento previsto para a saúde, ou passo a ser uma moeda de troca para a Troika. Deixei de ser um ser humano com necessidades de tratamentos diários, e passei a ser simplesmente um número para a segurança social.
 
Os médicos que me seguem, um neurologista fisiatra e um médico do centro de saúde ao qual pertenço, elaboram relatórios sobre a minha situação, de forma a poder obter tratamentos de fisioterapia. Acho uma falta de respeito pelos colegas de profissão que avaliam estes relatórios ou mesmo incompetência, falta de consideração e de coordenação pela forma como conduzem os processos na direção geral de saúde.
 
Ao fim de tantos anos de fisioterapia, com tanto esforço físico, desgaste emocional dos meus pais, família mais próxima e gastos monetários, tenho pena de ser mais um número no orçamento de estado, agora que estou numa boa fase de reabilitação. Já enviei novos relatórios acerca do meu estado atual mas continuo sem resposta há cerca de 3 meses, mas há que ter esperança.
 
Mesmo que não tivesse recuperação nenhuma, o que não é o meu caso, as pessoas acamadas ou com grandes limitações, deveriam ter acesso aos cuidados de saúde prestados pela segurança social, de forma a poderem melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, e quase sempre, isso não acontece.









Escrevi este texto quando estava revolta com a situação, mas que me foi imposta. Não o publiquei nessa altura, e entretanto já recebi os resultados da segunda avaliação da direção geral de saúde, referente aos meus relatórios médicos. Finalmente, as sessões de fisioterapia foram aprovadas, já não vou ficar em casa à espera que a chuva caia, a cair no tédio, sem fazer nada por isso, e posso continuar a minha luta.




 

15 abril 2013

Progressos na hipoterapia

Vou começar por salientar que tenho me sentido muito bem desde que recomecei a hipoterapia. Os progressos têm sido evidentes.
Estar em cima de um cavalo exige muito respeito e concentração. Pode ser fácil para quem não tem a mobilidade reduzida, mesmo assim há quem não arrisque sequer em experimentar, tem de se gostar de cavalos e do ambiente que os envolve.
Quando iniciei as aulas de hipoterapia estava um bocado apreensiva. Nas primeiras aulas tinha algum receio, até estava toda encolhida em cima do cavalo, mas aos poucos fui descontraindo com o compasso do cavalo. Hoje estou muito mais sintonizada com as éguas que monto. Uma delas chama-se Bailarina, que é muito certinha no seu passo e a outra chama-se Cacau, que tem um passo mais largo provocando assim mais desequilíbrio, e isto é favorável porque me obriga a estar mais concentrada, mais atenta aos seus movimentos, à postura e à estabilidade central.
A minha atitude em cima do cavalo está completamente diferente, consigo descontrair porque me sinto equilibrada com mais controlo do tronco, e como consequência as pernas descontraem e fico só com o apoio dos pés nos estribos.

 


Quando estou em cima das éguas, as minhas mãos e os meus braços comandam através das rédeas das éguas, e sinto como se estas fossem as minhas pernas, o que é bastante agradável.

Ainda estou muito no início, mas começo a contornar pequenos pinos, dispostos no chão do picadeiro, e isto obriga a fazer transferências de peso para os dois lados do corpo, obrigando assim os dois lados a trabalharem alternadamente.

 

 


 


13 março 2013

Pequenas alegrias

Esta semana tive duas surpresas muito agradáveis que me deixaram cheia de alegria, emoção e muito contente.

Estava no ginásio, onde costumo fazer as sessões de fisioterapia, quando fui surpreendida por uma colega de faculdade e do estágio profissional. Foi como recuar no tempo, foi como se voltasse aos anfiteatros e salas de aula, horas infindáveis de estudo em conjunto, trabalhos de grupo, onde eu era a mais trapalhona, porque fazia-os sempre com muita pressa, parecia que o mundo ia acabar, e na verdade, para mim acabou mesmo, porque terminou um ciclo da minha vida. Partilhamos também os resultados das pautas, ora alegrias ora tristezas, era sempre uma grande ansiedade, porque havia muita exigência. O meu curso superior foi muito teórico, difícil para todos nós, mas claro que haviam os barras que se destacavam do resto dos outros alunos, ou estudavam muito ou tinham o Q. I. muito elevado.

Quando fiquei em frente à minha colega, senti uma grande emoção. Parecia que tinha estado com ela há pouco tempo, não senti a barreira do tempo, foi como se ontem tivesse com ela e foi aquele abraço muito sentido. Agarramo-nos e foi um descambar de emoções e de alegria.

Eu não posso cair no facilitismo de dizer que o passado não interessa, como já referi anteriormente. Não posso porque o passado persegue-nos, quer nós queiramos ou não. Este faz parte daquilo que somos hoje e iremos ser amanhã, pois o futuro somos nós que o construímos conforme a realidade presente. Não podemos ficar à espera que o façam por nós, temos que construí-lo e adaptá-lo a cada situação que surge diariamente, não podemos ficar parados, temos de lutar, acreditar e ir a jogo com todas as armas que possuímos. Ter esta capacidade não é fácil, por vezes tem ser arrancada a ferros, só assim é possível sobreviver e lutar contra as adversidades da nossa vida, mas de modo a não pisar ninguém, senão não passamos de meros espetadores, além disso, é preciso ser-se subtis e humildade. Desta maneira podemos atingir a paz de espírito e estar bem connosco próprios.

Agora, vou falar da segunda surpresa que tive, no mesmo dia quase simultaneamente.

Conheci um menino que sofreu um traumatismo craniano bastante grave, com perda de massa encefálica, este menino é um guerreiro, tal como eu. Fazemos fisioterapia no mesmo local e também hipoterapia com o mesmo instrutor, apesar de ele ser acompanhado por um terapeuta comportamental, que o tem ajudado bastante. Somos bombardeados com muitos estímulos e por isso estamos bastante melhores. Perto do carnaval, as pessoas mais perto do Gonçalo apanharam um grande susto, porque ele, sem ninguém prever, caiu em cima da cama inconsciente e a vomitar. Foi internado uns dias, emagreceu, não comia, o que é uma coisa estranha naquele rapaz, não reagia a estímulos exteriores e ficou apático durante uns dias. Lentamente o Gonçalo foi recuperando e para surpresa de todos que o acompanham, regressou ao seu dia a dia, até parecia outro Gonçalo como se tivesse ocorrido um “click” para a vida. Ficou mais concentrado nos seus movimentos, já sabe ficar mais calmo a aguardar por algo que pediu, está mais atento ao mundo e ao seu redor, mais social e com mais memória.

Já conheci muitos casos de traumatismos cranianos durante estes anos de reabilitação. Todos são diferentes entre si, cada um tem a sua história, a sua evolução, características e não há um caso igual ao outro, apesar de haver sempre comparações, eu própria já as fiz bastante vezes, acho que e inevitável.

Este rapazito, o Gonçalo tem-me chamado mais à atenção, porque acho-o especial e também, talvez por estar mais atenta ao que se passa à minha volta, porque a minha visão assim o permite.

Acho que tanto eu como o Gonçalo, estamos a ser muito bem acompanhados, por bons profissionais e pela nossa família mais próxima, alguns amigos e claro pelos nossos anjinhos da guarda que estão sempre em nós e oxalá que continuem sempre ao pé de nós.


“Quem quer que você encontre é a pessoa certa”
“O que quer que tenha acontecido é a única coisa que poderia ter acontecido”
“Cada momento em que algo começa é o momento certo”
“O que acabou, acabou”
 

17 fevereiro 2013

Django

Esta semana fui ao cinema, num centro comercial com muitos bons acessos para quem não se consegue mover livremente.
 
Chegamos ao shopping e foi fácil de aceder às cadeiras de rodas pertencentes ao mesmo, como já referi ainda tenho dificuldades nas deslocações muito longas, por isso preciso de recorrer a uma cadeira de rodas.
Eu e a minha prima fomos ver um filme que conta com a presença do Tarantino, que é dos meus atores e dos meus realizadores preferidos, acompanho o seu trabalho desde o início. Um dos primeiros filmes que vi, da sua autoria, foi o Pulp Fiction, outros filmes que me marcaram foram o Kil Bill e o From Dusk Till Dawn e mais recentemente o Django.
Todos estes filmes são surpreendentemente dentro do mesmo género e são repletos de muitos tiros e muita pancadaria, alguns deles com uma pitada de romance, muita ação, surpresa, humor sarcástico, e por vezes humor negro. Os filmes de Tarantino não deixam ninguém indiferente devido a todas estas características.
O filme que fomos ver foi o Django que mostra bem a mistura destes ingredientes. Este é um bom filme para quem gosta do realizador Tarantino e para quem não conhece o seu trabalho, pode ficar a conhecer, formando assim a sua opinião. Para mim, ou se gosta muito ou então não se gosta de todo, não se pode ficar indiferente.
Como já referi neste blog, tenho dificuldades na visão, para mim e difícil ler as legendas por causa dos campos de visão, ora vejo umas palavras ora vejo outras, portanto não consigo ler as frases completas. Opto por ouvir e treinar o meu inglês, que está francamente melhor. A visão também está a melhorar, de modo que, já consigo ver certos detalhes que me passavam ao lado quando ia ao cinema, o que me deixa bastante satisfeita porque é sinal de quanto a minha visão melhorou e dá-me esperança que melhore ainda mais, porque é isso que tem acontecido ao longo do tempo.
Já me ia esquecendo de referir como o Tarantino é inconfundível na escolha das bandas sonoras dos seus filmes, acho-o irrepreensível nas suas escolhas. Pessoalmente gosto muito de todas as bandas sonoras selecionadas por este, mas a que destaco é a do filme Pulp Fiction.
 
Por todos estes motivos, deixo aqui um convite para ver o filme Django no ecrã do cinema, tem um som e imagem inigualável e mais uma vez fiquei rendida ao Tarantino.
 

05 fevereiro 2013

Terapia da Fala

Comunicar foi fundamental para a minha reabilitação, como já referi na mensagem “comunicar”. A terapia da fala foi o princípio de uma grande caminhada e foi essencial para o modo como falo hoje em dia.
Primeiro foi necessário reforçar a parte respiratória com a ajuda de cinesiterapia, pois não conseguia expirar e inspirar corretamente.
Passei por várias fases, vou destacar algumas que ficaram mais presentes na minha memória:
ü Encher as bochechas com ar, de modo a trabalhar os músculos da face;
ü Com a ajuda de uma palhinha, soprar uma vela acesa de modo contínuo, sem a apagar;
ü Através de uma palhinha, sugar uns papelinhos que estavam em cima de uma mesa, por fim já conseguia com uma moeda pequena;
ü A terapeuta pedia-me para dizer certas palavras e corrigia-me a língua com a espátula.
Muito trabalho, dedicação e dedicação de ambas as partes.
Aprender a falar novamente, tem sido um processo lento, mas tenho recuperado bastante bem. Hoje até acho que me entendem muito bem, e claro que a voz não esta tão límpida como era, acho-a rouca, dizem que está sensual.
Agradeço a Deus e a todos as pessoas que me rodeiam e rodearam ao longo destes anos e aos terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros técnicos que puxaram tanto por mim, sobretudo a quem acreditou e que continua a acreditar.

24 janeiro 2013

Hipoterapia (Cont.)

Após uns anos de paragem na terapia com os cavalos, finalmente regressei com uma vontade enorme de continuar e vencer mais uma etapa.
Este novo espaço parece ser bastante agradável, estou a gostar muito e está a ser um desafio grande, pois estou a realizar tarefas novas.
Experimentei a atrelagem e gostei daquela sensação de conduzir o atrelado. Eu é que estou a dar as ordens ao cavalo através dos movimentos dos meus braços, é incrível como já consigo fazê-lo, foi um momento que eu senti-me poderosa e feliz por estar a conseguir algo que achava inatingível, dada a minha condição física.



Também tive de montar a égua com sela, até à data nunca o tinha feito, porque montava sempre em cima de uma manta colocada no dorso dos cavalos. Tive receio, foi um passo novo, mas passadas 5 aulas habituei-me à sela e às rédeas e passei a ser eu a conduzir a égua, com o professor ao lado. Fiquei igualmente satisfeita, contente e orgulhosa por mim, por estar a colher os frutos de anos de fisioterapia.
 
 
 
E claro que, ainda estou no início desta aprendizagem, não pretendo ser uma Amazonas, mas quero muito aprender a andar de cavalo, acho que estou no caminho certo.

12 janeiro 2013

Hipoterapia

Os cavalos foram muito importantes na minha reabilitação e tudo indica que vão permanecer após uma paragem de cerca de 4 anos. Frequentei a hipoterapia durante cerca de 5 anos, num picadeiro na moita do Ribatejo, onde tive muitos progressos.


A terapia com os cavalos é muito completa, quer em termos neuromusculares quer em termos de interatividade com este animal maravilhoso. Os movimentos feitos pelo cavalo provocam efeitos benéficos na evolução ou desenvolvimento de capacidades motoras, por exemplo. Esta terapia proporcionou-me momentos de intensa alegria e conquista, postura física, concentração e estabilidade central.
Nas primeiras aulas tinha que andar a cavalo suportada por uma terapeuta que se encontrava atrás de mim a estabilizar-me o tronco, e duas outras pessoas a segurarem-me nas pernas para eu poder conseguir fazer o volteio.
Eu montava o cavalo sem sela e em cima de uma manta que tinha duas pegas para me segurar. Ao longo do tempo fui ganhando confiança com as éguas que montava e como consequência, ganhava mais confiança nos meus movimentos. Comecei por fazer volteio com a psicóloga a andar ao lado da égua para o caso de um desequilíbrio. Frequentei muitas aulas, tive várias fases de evolução e todas elas diferentes, até que atingi um patamar bastante satisfatório ou que nem me passava pela cabeça que alguma vez o iria atingir.
A minha postura e equilíbrio alteraram-se significativamente, assim como os pés e as pernas, foi uma boa fase da qual guardo muitas recordações boas e muitos ganhos, para mim e para quem trabalhou comigo, certamente.
As aulas de volteio foram evoluindo, cada vez mais fui ficando mais autónoma. Já conseguia largar as mãos alternadamente até largar completamente, pô-las em cima dos quadricípites de forma a estabilizar o tronco e de seguida levantar os braços fazendo um avião. Conseguia pôr-me em pé em cima dos estribos, agarrada às argolas que estavam no dorso do cavalo. Punha-me deitada de barriga para cima para sentir os movimentos do cavalo. Claro que quando fazia estes exercícios estava sempre alguém ao meu lado.

Por vezes, íamos todos andar de charrete nas redondezas da quinta. Fazia também passeios fora da quinta a cavalo, com o instrutor a segurar a boca do mesmo, de modo a controlá-lo. Tudo era novo para mim, sentia-me bombardeada de estímulos diferentes e constantes, dos quais disfrutei agradavelmente, quer a nível motor, quer a nível psicológico e nessa fase evoluí bastante.
Só terminei estas aulas de hipoterapia, porque mudei de casa e tornava-se muito dispendioso e também porque surgiram outras oportunidades que na altura achei que eram mais favoráveis. Contudo o meu pensamento sempre foi retornar à hipoterapia mais tarde. Atualmente encontro-me novamente a realizar esta terapia, no picadeiro em Almada.

Brevemente terei mais noticias :)