Vou
escrever sobre a minha espasticidade. O meu tónus muscular tem realmente
diminuído e tem feito os seus ajustes com o exercício que faço diariamente, em
casa e no ginásio, porque, meus amigos, eu trabalho mesmo. Trabalho por opção e
não para fazer vontades a ninguém, trabalho porque quero e tenho vontade em
melhorar e colher frutos maduros e sumarentos todos os dias. Realmente colho
bons frutos, às vezes, uns mais maduros do que outros, mas enfim, todos numa
cesta de verga não se dá pela diferença, apenas ao provar se sabe se os frutos
são bons. O tempo é soberano nesta questão porque este senhor é quem dita as
regras desta minha caminhada e a rege ao seu compasso em cada dia que amanhece
até que adormece, ano após ano girando como uma nora de um rio, como uma roda
de um moinho, estes dois só param quando não houver mais água nem vento. Faço
questão que esses elementos estejam bem presentes no meu caminho que trilho,
todos os dias, a água para me acalmar e o vento para me impulsionar para a
frente sem recuos.
Agora tenho de aprender a andar sozinha porque o meu cérebro desaprendeu e o único modo de aprender é trabalhar todos os santos dias para tentar recuperar a informação do meu computador que fez reset.
Todos os dias gravo alguma informação, todos os dias
existem novas células no chefinho que aprendem e por isso não desisto. Embora
este trabalho seja um bocado ingrato, não dá resultados de imediato, eu sei
muito bem disso. Enquanto eu e os meus pais tivermos forças, eu não quebro. Acho
que vou buscar estas forças onde qualquer ser humano em desespero vai buscar
conforto, à fé, em que existem forças superiores, os meus amiguinhos que me
guiam e protegem sempre.
Contudo,
como estava habituada a um registo de espasticidade mais acentuado, ainda me
faz um bocado de confusão ter o ponto de equilíbrio mais para a frente, é
estranho, parece que estou no limite do equilíbrio, mas não estou. Apenas tenho
o peso e a transferência de peso no local correto e isto é um passo muito
importante nesta fase, por isso é muito bom, mas muito estranho.
Patrícia Arsénio
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