Quando perdemos ou
ficamos privados de uma situação ou mesmo de algo, nessa altura é que damos o
devido valor.
Quando a nossa
condição física nos permite caminhar, saltar e correr, não damos valor à pedra preciosa
que temos na mão, só quando a perdemos, é que sabemos realmente o seu valor.
Na minha situação
atual, costuma dizer-se que não é carne nem é peixe. Estou numa fase que já
ando sozinha, mas tem de haver alguém por perto durante a marcha, contudo no
treino no tapete que envolve: no gatinhar, rastejar, atividades de joelhos, etc.,
já sou bastante independente.
Não pensem que me estou a queixar, pelo
contrário, estou muito contente com os meus progressos ao longo destes anos
todos.
O sentimento de
perder algo (como por exemplo, um objeto que gostamos, uma amizade, a nossa independência,
um amor, etc.), deixa-nos fragilizados e tristes, parece que nos tiraram o tapete
e ficamos sem chão. Mas não podemos ficar agarrados àquilo que se perde, pois
isso faz parte do passado.
No meu caso a perda
foi considerável. Pois perdi quase tudo o que tinha conquistado ao longo da
minha vida, só não perdi o amor dos meus pais, do meu irmão e família. Perdi a
possibilidade de exercer a minha profissão, que tanto gostava, um casamento e
uma casa já planeados, pessoas que julgava minhas amigas e que não o foram, concluindo,
passei por muitas deceções.
Ganhei também uma
grande lição de vida, ao ver o mundo de outro modo. Pensei lutar pelas minhas vitórias
e sobretudo aprendi a dar mais valor a pequenas coisas que a vida nos oferece, como
já referi na mensagem aprendizagem. É preciso acrescentar que também acabei por
fazer novas amizades com pessoas bem-intencionadas que me têm ajudado muito.
Apesar da minha
realidade ser completamente diferente da realidade antes do acidente, continuo
a ser bastante otimista, persistente, teimosa e ansiosa. Às vezes prejudico-me,
por ter este feitio.
O que quero transmitir é: o que se perde no
passado fica no passado, pois já não é possível voltar atrás para se recuperar.
Aprendemos a lidar com as novas mudanças. Quem nos rodeia também aprende e
aqueles que ignoram passam pela viva sem provar a sua verdadeira essência.
É claro que podemos
pensar naquilo que perdemos de uma forma saudosa, acho que é natural. O que não
é normal é ficar de tal modo agarrado ao que se perdeu, que não se aprende a dar
o verdadeiro valor ao que se ganhou com a nova mudança.