Certo que tenho muitas
limitações, que não me desloco sozinha ainda, não me posso defender, preciso
quase sempre de uma terceira pessoa no meu dia-a-dia e aceito isto naturalmente
desde o dia em que me aconteceu esta pouca sorte na minha vida. No entanto
cheguei a um patamar, no qual já consigo fazer muitas coisas sem auxílio de
outros, mas como o meu registo de ajuda é muito longo e está muito enraizado,
agora apercebi-me e já há algum tempo, que estou a travar outra batalha, cuja
que é dar a perceber a quem lida comigo diariamente que já consigo, já sou
capaz, que já fiz, que já começo a ter umas asinhas, embora pequenas, tenho a
perfeita noção que ainda faltam crescer o suficiente para conseguir voar e sonhar,
mesmo que isso implique tropeçar, mas quem é que nunca tropeçou nesta vida.
Não querendo parecer ingrata com aqueles que estão incondicionalmente ao meu lado, sem restrições, por amor, por bem querer, por proteção e tudo mais que fazem e continuam a fazer, eu sinto-os cansados, como se fosse automático existindo uma super proteção, e acho que esta não favorece em nada a minha aprendizagem de como encarar de novo situações que nem se punham em hipótese há alguns meses, mas aceito este facto fazendo parte de outra aprendizagem que todos estamos a fazer nesta luta, que não é só minha e por isto tento colocar e aceitar os conselhos de quem me quer bem realmente, mas não é nada fácil lidar com esta situação de dependência e quanto melhor estou, mais difícil.
Patrícia Arsénio